Caro Jander Freire, gostaria de principiar minha resposta acerca do que
penso sobre idolatria utilizando as palavras do pastor Geraldo Carneiro
da Assembléia de Deus de Cascavel. Segundo ele:“Ser idólatra não
significa apenas adorar uma imagem de escultura; mas também reverenciar o
próprio eu, um objeto, uma pessoa ou qualquer coisa que tente anular o
dever de o homem cultuar a Deus. Por isso, os cantores e pregadores não
devem ser adorados, pois isto é uma forma velada de idolatria, que é
condenada por Deus. (...) Tudo aquilo que o homem ama mais do que a
Deus, torna-se o seu deus, incluindo aí a avareza. (Pastor Geraldo
Carneiro Filho – Assembleia de Deus de Cascavel) Fonte:
http://www.adcascavel.com.br/escola.php?page=269.
Concordo
plenamente com o pastor Geraldo Carneiro acerca do que é idolatria, pois
substituir Deus por outra coisa seria transgressão do primeiro
mandamento do decálogo: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. De fato,
infelizmente existem muitos idólatras no mundo, justamente porque não
dão a Deus o lugar que lhe é devido. Ser idólatra é amar e adorar algo
mais do que a Deus. Mas, não entendo por que muitos protestantes acusam
os cristãos católicos de idolatria. Acaso, nós católicos, substituímos
nosso Deus por alguém ou alguma coisa? O nosso culto, a Santa Missa, é
memorial da vida morte e ressurreição de Jesus, onde partilhamos a
Eucaristia: corpo e sangue de Cristo entregue por Ele mesmo na última
ceia e que Ele mandou fazer em sua memória. Adoramos a Jesus na
Eucaristia, pois cremos que a Palavra de Cristo não é falsa. Como
podemos ser idólatras? Será por causa dos santos da Igreja? De forma
nenhuma. Esse argumento seria válido para aqueles que nunca foram
católicos e que não tem conhecimento da nossa fé. Os santos são
adoradores do Deus vivo, são testemunhas de Jesus, que uniram suas vidas
a dele e hoje estão recebendo a coroa da glória. O próprio Senhor disse
ao bom ladrão: “ainda hoje estarás comigo no paraíso” e no apocalipse
João, preso na ilha de Patmos tem a visão daqueles que lavaram suas
vestes no sangue do cordeiro e hoje, com palmas de vitória nas mãos,
louvam ao cordeiro. Como não lembrar das testemunhas do Senhor? Eles não
são deuses e nunca serão! Eles não são postos no lugar da Trindade
Santíssima e somente um ignorante da fé católica pensaria assim.
Reli,
em atenção ao seu pedido, os trechos bíblicos de: Êxodo 20:4-5, Isaias
42:8, I Timóteo 2:5 e Hebreus 7:22-26. Realmente a Palavra de Deus é
belíssima, mas tais trechos isoladamente não fornecem conteúdo bastante
para falar de idolatria, pois na nossa Igreja Católica, costumamos dizer
que texto sem contexto é pretexto de heresia! Sem falar que com tudo
isso só iremos cair em um fundamentalismo sem sentido (que destarte
tratarei). É interessante perceber que quando Deus proibiu o homem de
fabricar para si imagens de escultura (Ex. 20, 4-5), falou de forma
literária mesmo. Fabricá-las seria quase imitar o próprio Deus,
parodiá-lo em sua criação. Os mulçumanos seguem essa ordem estritamente e
não reproduzem imagens da criação, como bonecos, animais em miniatura
etc. Mas, quando essas imagens servem para enaltecer o próprio Deus,
parece que essa ordem entra em cheque. Lembra-se caro irmão, de como era
ornado o templo de Jerusalém? Com imagens de querubins enormes, assim
também como na parte superior da arca da aliança, onde eram guardadas as
tábuas da lei. Mas, o mais interessante é a escultura da serpente de
bronze que Moisés levantou no deserto por ordem do próprio Deus a fim de
curar o povo do veneno das serpentes, porém, quando o povo quer adorar a
serpente, ela é retirada.
De fato, o problema da questão não é a escultura, e sim como ela é
usada. Na Igreja Católica, os ícones e imagens são utilizados por uma
eficácia catequética, onde as figuras representam passagens bíblicas.
Tentar através da arte representar a figura de Nosso Senhor Jesus
Cristo, é uma forma de criar sinais que nos apontam ara Deus. Semelhante
a serpente do deserto no livro do Êxodo. Quando se olha para os sinais,
tem-se imediatamente lembrança das coisas divinas. É proibido fazer
imagens de Deus Pai, pois ele não é algo que se possa abstrair, por
isso, as imagens de Cristo, que é a revelação do Pai, são uma maneira de
o povo de Deus manifestar a sua fé, adoração e amor, não na imagem em
si, mas no Deus que está no céu. Com relação a questão de Cristo, único
mediador entre Deus e os homens (ITm 2, 5), isso é fato. Mas é
necessário conceituar teologicamente a palavra intercessor. De fato, o
homem pelo pecado de Adão, rompeu com Deus e quebrou a santidade
original que o Senhor lhe dera. Somente um sacrifício realmente eficaz,
que esta muito distante dos feitos por Abel, Melquisedec, etc., poderia
religar o homem novamente a Deus. É por isso que nós chamamos Jesus de
redentor, salvador e mediador, pois somente Ele e ninguém mais poderia
salvar o mundo e unir de novo Deus e homem através de uma nova árvore da
vida, a cruz. Cristo é o único intercessor entre Deus e os homens
porque só Ele pode salvar o mundo e ninguém mais. Realmente foi um
sacrifício perfeito e santo, Ele que é ao mesmo tempo sacerdote altar e
cordeiro imolado pelos homens (Hb 7, 22-26). Assim, Deus nunca cederá
seu lugar a um ídolo (Is 42, 8), mas infelizmente vejo muitos
protestantes que se dizem cristãos instrumentalizando a Palavra de Deus
sem conhecimento para justificar suas próprias esdrúxulas idéias. É o
que pregam os teólogos xinfrins da teologia da prosperidade que prometem
riquezas e bens em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que em toda sua
vida viveu em pobreza e simplicidade. Em nenhum Evangelho, Cristo
prometeu riquezas, mas o contrário: “Quem quiser me seguir, toma sua
cruz e me siga.” Muitos protestantes, por muito tempo, enganaram o povo
simples e sem estudo com seus pobres argumentos de que a Igreja Católica
é idólatra, as vezes até chamando-a de babilônia, ou seja, o berço do
pecado da desobediência e da idolatria. Sabemos que não é assim e que a
Igreja Católica Apostólica Romana foi fundada pelo próprio Deus
encarnado, Jesus Cristo. O mesmo afirmou que as forças do inferno nunca
prevalecerão sobre ela, pois Ela é santa (por ter sido fundada por
Jesus) mas também pecadora (por ser formada de homens). Mas o
protestantismo barato e fajuto, usa o nome de Deus para encher seus
cofres, afinal foi para isso que ele surgiu: na Inglaterra para tomar o
bens doados a Igreja, por Calvino para apoiar ideologicamente a
burguesia e o uso da usura. O único inocente nessa história é Lutero,
que nunca quis fazer um cisma, mas reformar a Igreja interiormente.
Pobre Lutero, com boas intenções, mas mal compreendido. Por fim, digo
que a maior idolatria do século é o capitalismo, a busca pelo dinheiro e
pelo poder político usando o pretexto de anunciar a Palavra de Deus.
Vejam meus irmãos, que enquanto muitos caluniam nossa Santa Igreja com
difamações, por inocência ou ignorância, se perdem em meio a busca do
lucro. Existem hoje muitos problemas sociais que fazem sofrer muitos de
nossos irmãos. Se os cristãos não perdessem tempo com discussões sem
sentido e colocassem em prática a Palavra do Evangelho que nos ensina a
acolher os pobres e sofredores, com certeza daríamos mais testemunho de
batizados em Cristo ao invés de darmos mal exemplo aos demais. Peço em
nome de Cristo que os protestantes parem de perseguir e difamar os
católicos, pois se somos irmãos em Jesus, ele deseja que nos amemos como
Ele nos amou.
Atenciosamente, Luiz Henrique Pereira